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| Acervo dos municípios brasileiros - Foto de 1984 |
Na época o ínfimo povoado ostentava o nome de São José, só alguns anos mais tarde é que a vilazinha passou a ser chamada de São Pedro, a célebre “Serra de São Pedro”, por motivo de que a povoação encontrava-se no cimo da serra do mesmo nome. Destarte o primeiro dos apóstolos se tornou o padroeiro da cidade.
Quando na povoação não havia nenhuma capela, as celebrações católicas aconteciam em casa particular, onde hoje funciona a Câmara dos Edis, realizadas pelo padre cratense Manoel Carlos da Silva Peixoto.
Porem esse mesmo padre projetou uma pequena capela em 1864, sendo ele o seu primeiro curador. Ele foi sucedido pelo reverendo missão-velhense Manoel Rodrigues de Lima. O terceiro padre da capela foi João Carlos Augusto, de Lavras da Mangabeira e o quarto foi o Pe. Cícero Romão Batista. O cearense do século foi nomeado vigário de São Pedro em 21 de setembro de 1888 e tomou posse em 29 de janeiro de 1889, exerceu essa atribuição até 6 de agosto de 1892.
Nesta época ele já ostentava o seu séquito e alguns de seus seguidores igualmente subiram a “Serra”. Conta-se que havia um agrimensor responsável pela acomodação das famílias e o local onde se houve maior concentração dos fieis do “Padim Ciço” foi nas proximidades dos atuais Conjuntos Santo Antonio e Padre Vicente.
O quinto sacerdote foi o assareense Antônio Alexandrino de Alencar e o sexto, Augusto Barbosa de Menezes. Nascido em Jaguaribe, foi nomeado vigário de São Pedro em 22 de fevereiro de 1897 e tomou posse em 28 de março. Esteve na vanguarda da freguesia durante 38 anos, até a sua descida ao túmulo em 1935. Alguns dos livros de cabeceira do padre encontram-se no Museu Nogueira Machado.
O Pe. Augusto veio para Caririaçu a conselho do médico Ildefonso Correia Rolim[1] para se tratar da sua saúde já um tanto abalada. Destarte, a vinda do núncio para a Serra teve dupla finalidade: representar o clero e recuperar sua saúde. Isso é a prova cabal de que a cidade de Caririaçu foi e continua sendo um nosocômio a céu aberto encravado no sertão do tórrido Nordeste.
Depois vieram os padres Francisco das Chagas Barros, Limeira, João Linhares de Lima, Vicente Alves Feitosa, entre outros. A simples capelinha projetada pelo padre Manoel Carlos da Silva Peixoto foi sumariamente reduzida a escombros para em seu lugar ser edificada o imponente templo da cristandade que se conhece hoje em dia.
Assim aconteceu a projeção da igreja matriz de São Pedro de Caririaçu: numa tardinha como qualquer outra do ano de 1918, passa pela vila de São Pedro um engenheiro civil com destino ao Crato. Só que na tal vila não havia hospedagem e o viajante foi informado que o padre Augusto poderia lhe hospedar durante o pernoite. Assim foi feito e o engenheiro e foi recebido polidamente pelo sacerdote. Na manhã seguinte o engenheiro interpelou o locador quanto lhe custaria à hospitalidade, o padre falou-lhe então que os seus serviços não eram pagos com dinheiro e então o forasteiro ofereceu-lhe os seus serviços. O padre não perdeu tempo e aproveitou a oportunidade e pediu-lhe uma planta de uma igreja que ele pretendia erigir no lugar da simples e acanhada capela. Os dois se dirigiram ao local, fizeram as medições e o engenheiro foi embora em direção ao seu destino. Cerca de um mês depois ele enviou a planta do templo ao padre.
Para o dispendioso labor foi criada uma comissão para dar encaminhamento aos trabalhos. Ela vez por outra perpetrava alguns folguedos para angariar recursos. Estavam na vanguarda dessa comissão, Afonso de Oliveira Borges[2] e Carlos José de Morais, ambos respectivamente seriam prefeitos da cidade (o primeiro em 1935 e segundo de 1936 a 1947) e, também Raimundo Correia de Araújo e o tesoureiro Ildefonso Rolim.
João Marques, pedreiro, cavou e encheu os alicerces e mestre Sebastião erigiu o resto da alvenaria.
Todo o material usado no templo foi fruto de doação, como por exemplo, a madeira do teto foi doada pelo Cel. Francisco Botelho Filho[3] e das portas José Gomes do Sítio Constantino. Essas madeiras, os tijolos e telhas foram carregados pelo povo e em animais. Contudo as portas foram feitas por José de Freitas, da cidade de Barbalha, cobrando cem mil réis cada.
A labuta iniciada em 1920 e procrastinou-se até 1925.
A imagem foi recebida com muita folgança, entretanto com um fato estapafúrdio que vale ser lembrado: a imagem tem seu braço direito desmontável e veio separado do resto corpo. Quando foi aberto o ataúde onde se encontrava a estátua veio à surpresa, ela estava sem o braço. Os adultos lamentaram com os olhos marejados e as crianças pilheriaram: São Pedro é cotó. Porem o braço estava noutro caixão e não podia vir fixada ao ombro por causa da sua posição. Elucidada a questão, o alívio foi tremendo e os folguedos prosseguiram.
Hoje em dia a matriz continua imponente, bem centro da nossa e é o principal cenário para as manifestações clericais na cidade de Caririaçu. Um fato observável e curioso é que todas as artérias que dão acesso a igreja são inclinadas. Não é sabido o motivo da escolha desse local para o empreendimento, quiçá seja fruto do intelecto do padre Manoel Carlos da Silva Peixoto, com a mira de aproximar o poder terreno da igreja e seus seguidores com a Divindade.
O texto foi é do Blog Caririaçu: A Serra de São Pedro

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